Jeferson Fernandes (*)
A visita do presidenciável José Serra à XVIII Fenasoja, que deveria marcar o prestígio do tucano numa das maiores festas agrícolas e de negócios da fronteira gaúcha, virou constrangimento. E não só para ele, mas também para a assessoria pemedebista na qual se destacava o deputado Osmar Terra.
Serra teceu considerações sobre saúde, segurança, educação e, claro, agricultura. O problema é que, ao denunciar a ausência do governo federal nessas áreas, ignorou solenemente as pesquisas que dão a Lula altos índices de aprovação na Grande Santa Rosa. E isto porque, goste-se ou não do PT, nunca antes uma administração federal foi tão presente na região.
Na saúde, um dos temas de Serra, enquanto Yeda não cumpre sequer sua obrigação constitucional, em Santa Rosa acontecem programas como Unidade de Pronto Atendimento de Saúde (pronto socorro 24h), Sistema de Atendimento Móvel de Urgência SAMU, ampliação do PSF e outros auxílios a hospitais. Tudo com verba federal. E o povo sabe.
Na Segurança, a crítica de Serra foi de que o governo Lula tem se esquivado deste tema, jogando a responsabilidade toda sobre os Estados. Ora, até os grãos de soja da feira sabem que a Bolsa Formação, criada por Lula, concede mais de 400 reais por mês para os praças da Brigada. Inclusive para os que atuam em Santa Rosa. Serra faria melhor papel se reconhecesse as virtudes do PRONASCI que, entre outras coisas, vem garantindo criação de novos presídios e investimentos em equipamentos. Se há algum ente ausente neste tema, é precisamente o governo do Rio Grande do Sul sob o comando da correligionária de Serra, Yeda Crusius, que reduziu fortemente os investimentos em segurança.
Na fala sobre agricultura, ficou evidente que sua opinião fora influenciada por Osmar Terra, pois o tucano repetiu o discurso que o deputado do PMDB fazia, lá em 2006, contra Lula. Ele renovou a tese de que o dólar baixo está prejudicando a comercialização da soja e a fabricação de máquinas agrícolas. Ora, a região da fronteira noroeste do RS vive um momento de ascensão da indústria metal mecânica em função do programa federal Mais Alimento e crescimento da economia nacional, bem como política de exportação acertada. Exemplo disso é que a empresa fabricante de colheitadeiras John Deere de Horizontina anunciou, no último mês de abril, a contratação de 250 novos profissionais para dar conta da demanda que está aumentando.
Mas foi no quesito educação que o ex-governador de São Paulo pisou definitivamente na bola. Fez um discurso falando da importância do ensino técnico e criticando, de novo, o governo Lula. – E se isto não aconteceu, foi por uma questão de prioridade, disse ele. De novo, culpa da assessoria, afinal, Serra deveria ter sido avisado de que na cidade onde estava, dois dias depois seria inaugurado um campus do Instituto Federal de Ensino Tecnológico, fruto da política do MEC de criar IFETs em cada município pólo regional. Além disso, o mesmo governo Lula que Serra criticava, garantiu que outras quatro escolas estaduais de ensino técnico de Santa Rosa estão recebendo mais de R$ 2 milhões de reais do governo federal para dinamizar as suas atividades educacionais.
O pior, contudo, é que o espaço que a Fenasoja destinou a Serra para a entrevista coletiva em que disparou os impropérios aí mencionados, era o mesmo que deveria ser usado, depois, justamente pelo pessoal do IFET. Mas a agenda do tucano atrasou. E na hora reservada para a atividade educacional, quando alguns alunos já se acomodavam na sala, a comitiva do pré-candidato chegou. Sem sequer um pedido de desculpas ou qualquer explicação, os alunos foram retirados do local pela assessoria de Serra para que ele pudesse receber a imprensa. Para ficar com as expressão do próprio candidato: – Questão de prioridade.
(*) Advogado
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