JEFERSON FERNANDES

JEFERSON FERNANDES

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Projeto Pedagógico da UFFS

PROPOSTA PRELIMINAR PARA A DEFINIÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL E DOS CURSOS NA UFFS

Para a definição do Projeto Pedagógico Institucional e dos cursos da Universidade Federal da Fronteira Sul, a Comissão de Implantação considerou a discussão acumulada até o momento e registrada nos diversos documentos produzidos pelas Comissões que a precederam. Especial atenção foi dada ao Relatório das Atividades e Resultados Atingidos, de março de 2008, elaborado pela Comissão designada pela Portaria MEC no. 948, de 22 de novembro de 2007, por entender que este longo documento organiza, explicita e detalha as grandes preocupações de todo o conjunto de entidades envolvidas no processo de criação da nova universidade. A comissão que assina este documento esteve assim constituída: Airton Fontana – Professor e Prefeito de Guaraciaba SC; Alexandra Borba da Silva – Movimento Estudantil; Altemir Tortelli – Coordenador Geral da FETRAF SUL; Armênio Bello Schmidt – MEC; Beatriz Bitencourt Collere Hanff – UFSC; Carlos Alberto Ceretta – UFSM; Dalvan José Reinert – UFSM – Coordenador; Dom Orlando Dotti – Bispo de Vacaria RS; Elemar Cezimbra – Via Campesina; Elton Scapini – Professor e Assessor Parlamentar – RS; Gelson Luiz de Albuquerque – FINEP; Jaci Poli – Assessor – Sudoeste do Paraná; João Carlos Denardin – UFSM; Lucia Helena Correa Lenzi – UFSC; Luciane Carminatti – Professora e Assessora Parlamentar – SC; Márcio Alexandre Barbosa Lima – MEC; Marcos Aurélio Souza Brito – MEC; Marcos Laffin – UFSC – Coordenador; Maria Andréia Maciel Nerling – Via Campesina; Maria Ieda C. Diniz – MEC; Marlene Stochero – Região Missões do RS; Verônica Cardoso Pessoa de Carvalho – MEC; Zeferino Perin – Fórum da Mesorregião da Grande Fronteira do Mercosul.

Percebe-se que a comissão contou com a participação de pessoas do Ministério da Educação, em especial da Secretaria de Educação Superior (SESu) e da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD), do Ministério da Ciência e Tecnologia, de parlamentares da região, de prefeito da região, de professores das Universidades Federais de Santa Catarina e de Santa Maria, de representantes do movimento estudantil, da Igreja e dos diversos movimentos sociais, dentre eles, Via Campesina, Fetraf, e das Mulheres Agricultoras. Destaque-se que a Comissão foi formada por 23 membros, dos quais 11 foram indicados pelo Movimento Pró-Universidade Pública e Popular.
A presente proposta de criação de cursos e de desenho pedagógico institucional tomou como ponto de partida o acúmulo de reflexões e recomendações constantes do referido relatório, sempre com a preocupação de, respeitando a natureza universitária da UFFS, assegurar o atendimento às reivindicações postas -- o que a distingue de instituições meramente voltadas ao ensino superior e a caracterizam como espaço privilegiado para o desenvolvimento concomitante do ensino, da pesquisa e da extensão—e garantir a viabilidade e a exequibilidade do projeto no prazo proposto, isto é, com início das atividades de ensino, pesquisa e extensão em março de 2010.
Mais especificamente, foram considerados os seguintes aspectos na definição dos cursos:

a) As grandes áreas do conhecimento definidas no relatório da Comissão designada pela Portaria MEC no. 948, de 22 de novembro de 2007 e pelo Movimento Pró-Universidade, tomando por base o relatório final da Comissão Ministerial, quais sejam: Ciências Agrárias e Veterinárias, Ciências da Saúde e Licenciaturas – formação de professores - para o Campus de CHAPECÓ-SC; Ciências Agrárias, Ciências tecnológicas e Licenciaturas – formação de professores - para os campi de ERECHIM E CERRO LARGO – RS; e Ciências Agrárias, Ciências Sociais, Cooperativismo e Licenciaturas – formação de professores - para LARANJEIRAS DO SUL – PR. Não houve indicação de áreas para o campus de REALEZA – PR;
b) As diretrizes da Política Nacional de Formação de Professores do Ministério da Educação, estabelecidas pelo DECRETO No. 6.755, DE 29 DE JANEIRO DE 2009, cujo principal objetivo é coordenar os esforços de todos os entes federados no sentido de assegurar a formação de docentes para a educação básica em número suficiente e com qualidade adequada;
c) A carência de docentes para a educação básica, especialmente nas disciplinas de física, química, matemática, biologia, sociologia, filosofia e na área de ciências;
d) O contexto sócio-econômico da região (com forte vocação para a agro-indústria);
e) A importância da língua espanhola, como elemento estratégico no processo de integração sócio-econômica e cultural dos países do Mercosul;
f) A proposta de que a UFFS deverá, quando de seu pleno funcionamento, daqui a quatro anos, contar com 10.000 alunos, aí incluídos alunos de graduação e pós-graduação;
g) Uma certa proporcionalidade entre o número de cursos e de matrículas e os três estados que compõem a mesorregião;
h) Cursos de pós-graduação, lato sensu e stricto sensu, vocacionados desde o início para as áreas de agroecologia, alimentos, bioenergia, ambiental e formação de professores;
i) Previsão da atividade docente como envolvendo necessariamente atividades de ensino, pesquisa, extensão e administração;
j) Ação de complementaridade e de cooperação com as demais IES da região. Na medida do possível procurar não competir com cursos oferecidos por outras IES. Quando isto não for possível, tentar oferecer os cursos em outro turno ou com outras ênfases, para que a oferta da UFFS possa representar efetivamente mais uma oportunidade para os jovens da região.


PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES DO DESENHO PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL


O desenho pedagógico da UFFS deverá estar sustentado em princípios que caracterizam a sua identidade como eminentemente universitária, isto é, uma instituição com espaços para estudos avançados que se materializarão em atividades de ensino de graduação e pós-graduação, pesquisa e extensão. A UFFS, neste sentido, distingue-se nitidamente de uma instituição unicamente voltada para o ensino de graduação. Sua concepção universitária demanda:
a) A disseminação do saber, através das atividades de ensino;
b) A produção do saber, através das atividades de pesquisa;
c) A socialização e a construção do saber, através das atividades de extensão junto à comunidade circundante.

A construção de um projeto pedagógico que integre as atividades de ensino, pesquisa e extensão, embora necessária para caracterizar uma identidade universitária, é insuficiente para afirmar uma universidade cidadã, comprometida com valores democráticos, de inclusão social e de superação das condições sócio-econômicas vigentes. Para que isso seja possível, há que se pensar um Projeto Pedagógico Institucional que esteja organicamente integrado a uma política agressiva de democratização do acesso, especialmente da população mais carente, a uma política agressiva de apoio à permanência dos estudantes no campus –uma política que rejeite qualquer evasão de estudantes que possa encontrar a sua justificativa em dificuldades econômicas. O Projeto Pedagógico Institucional precisa, portanto, estar centrado no diálogo permanente entre o ensino, a pesquisa e a extensão universitárias, e destas atividades com a comunidade do entorno social em se realizam.


No âmbito da graduação, além das atividades de extensão e de pesquisa, que devem necessariamente estar em sintonia com orientações institucionais coletivamente construídas, o currículo deverá ser organizado em torno de um tronco comum, um domínio conexo e um domínio específico. Tal forma de organização curricular tem por objetivo assegurar que todos os estudantes da UFFS recebam uma formação ao mesmo tempo cidadã, interdisciplinar e profissional, possibilitando otimizar a gestão da oferta de disciplinas pelo corpo docente e, como conseqüência, ampliar as oportunidades de acesso à comunidade.

I – Tronco Comum
Propõe-se um Tronco Comum de disciplinas que deverão ser cursadas por todos os estudantes. Estas disciplinas terão dupla função: a) desenvolver em todos os estudantes da UFFS as habilidades e competências instrumentais consideradas fundamentais para o bom desempenho de qualquer profissional (capacidade de análise, síntese, interpretação de gráficos, tabelas, estatísticas; capacidade de se expressar com clareza; dominar minimamente as tecnologias contemporâneas de informação e comunicação) e b)despertar nos estudantes a consciência sobre as questões que dizem respeito ao convívio humano em sociedade, às relações de poder, às valorações sociais, à organização sócio-político-econômica e cultural das sociedades, nas suas várias dimensões (municipal, estadual, nacional, regional, internacional).

Disciplinas Preliminares para o Tronco Comum:

1. Leitura e Expressão Escrita
2. Matemática Instrumental
3. Estatística
4. Informática Básica
5. Ética e Cidadania
6. Sociologia Básica
7. Sociedade, Saúde e Meio Ambiente


II – DOMÍNIO CONEXO

Propõe-se um Domínio Conexo, isto é, um conjunto de disciplinas que se situam em espaço de interface de vários cursos, sem, no entanto, poderem ser caracterizadas como exclusivas de um ou de outro. O Domínio Conexo será estabelecido com base em eixos estruturantes a serem definidos tematicamente a partir de uma concepção institucional que deverá inspirar a organização dos Projetos Pedagógicos de cada curso.

Agrupamentos Preliminares para o Domínio Conexo:

1. Eixo 1 – Ciências Físicas e Biológicas
- Licenciatura em Física
- Licenciatura em Química
- Licenciatura em Biologia

2. Eixo 2 – Ciências Exatas
- Licenciatura em Matemática
- Ciências da Computação

3. Eixo 3 – Sociedade
- Licenciatura em Filosofia
- Licenciatura em Sociologia
- Licenciatura em Educação do Campo
-Licenciatura em Letras (Português e Espanhol)

4. Eixo 4 – Saúde
- Medicina Veterinária
- Nutrição
- Fisioterapia
- Engenharia de Alimentos
- Zootecnia

5. Eixo 5 – Energia e Meio Ambiente
- Engenharia Elétrica
- Engenharia Florestal
- Engenharia Ambiental
- Agroecologia
- Agronomia




III – DOMÍNIO ESPECÍFICO

Propõe-se um Domínio Específico, caracterizado por um conjunto de disciplinas nitidamente identificadas como próprias de um determinado curso e fortemente voltadas à sua dimensão profissionalizante, isto é, às habilidades, competências e conteúdos especificamente definidos nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN).



PROPOSTA PRELIMINAR SOBRE OFERTA DE CURSOS NOS DIVERSOS CAMPI

Chapecó-SC:

Licenciatura em Ciências
1.1. Licenciatura em Física
1.2. Licenciatura em Química
1.3. Licenciatura em Biologia
Licenciatura em Matemática
Licenciatura em Letras – Português e Espanhol
Licenciatura em Filosofia
Licenciatura em Sociologia
Agronomia
Medicina Veterinária
Nutrição
Fisioterapia
Engenharia Ambiental
Engenharia de Alimentos
Ciências da Computação

Observação: 50 vagas por curso = 700 alunos no primeiro ano e 2.800 no quarto ano

Erechim– RS:

Licenciatura em Ciências
1.1. Licenciatura em Física
1.2. Licenciatura em Química
1.3. Licenciatura em Biologia
2.Licenciatura em Letras – Português e Espanhol
3. Zootecnia
4. Engenharia Elétrica
5. Engenharia Florestal
6. Ciências da Computação

Observação: 50 vagas por curso = 400 alunos no primeiro ano e 1.600 no quarto ano

Cerro Largo – RS:
Licenciatura em Ciências
1.1. Licenciatura em Física
1.2. Licenciatura em Química
1.3. Licenciatura em Biologia
Licenciatura em Matemática
Licenciatura em Letras – Português e Espanhol
Agronomia
Engenharia Ambiental
Engenharia de Alimentos

Observação: 50 vagas por curso = 400 alunos no primeiro ano e 1.600 no quarto ano


Laranjeiras do Sul – PR:
1. Licenciatura em Ciências
a. Licenciatura em Física
b. Licenciatura em Química
c. Licenciatura em Biologia
2. Licenciatura em Matemática
3. Licenciatura em Sociologia
4. Licenciatura em Letras – Português e Espanhol
5. Agronomia
6. Engenharia Ambiental
Observação: 50 vagas por curso = 400 alunos no primeiro ano e 1.600 no quarto ano

·
Realeza - PR:
Licenciatura em Ciências
Licenciatura em Física
Licenciatura em Química
Licenciatura em Biologia
Licenciatura em Educação do Campo
Licenciatura em Letras – Português e Espanhol
Nutrição
Engenharia Florestal
Medicina Veterinária
Observação: 50 vagas por curso = 400 alunos no primeiro ano e 1.600 no quarto ano


Estimativa de matrículas:

ANO 1:

Chapecó = 700
Erechim = 400
Cerro Largo = 400
Realeza = 400
Laranjeiras do Sul = 400
TOTAL = 2.300

ANO 2:

Chapecó = 1.400
Erechim = 800
Cerro Largo = 800
Realeza = 800
Laranjeiras do Sul = 800
TOTAL = 4.600


ANO 3:
Chapecó = 2.100
Erechim = 1.200
Cerro Largo = 1.200
Realeza = 1.200
Laranjeiras do Sul = 1.200
TOTAL = 6.900


ANO 4:

Chapecó = 2.800
Erechim = 1.600
Cerro Largo = 1.600
Realeza = 1.600
Laranjeiras do Sul = 1.600
TOTAL = 9.200










PROGRAMAS DE ESPECIALIZAÇÃO

Programas especiais serão oferecidos à comunidade do entorno dos campi com vistas ao atendimento de demandas por ela explicitadas (Cooperativismo, Desenvolvimento Rural Sustentável, segunda licenciatura, aperfeiçoamento e especialização para professores da rede pública, Gestão Agrária, Gestão Pública, etc). Estes programas, que deverão ser oferecidos de forma gratuita, serão desenvolvidos já a partir do primeiro ano, buscando caracterizar desde o início que a UFFS é uma universidade com profundo compromisso com a população da mesorregião, em especial com as pessoas mais carentes.

PROGRAMAS DE MESTRADO

Da mesma forma, programas de mestrado deverão fazer parte da UFFS já a partir do primeiro ano de sua existência, com vistas a (1) caracterizar a identidade verdadeiramente universitária da instituição e (2) instituir política de atendimento a um expressivo contingente de jovens profissionais que atualmente encontram poucas alternativas para continuar os seus estudos na região. Oferecer cursos de mestrado neste contexto constitui-se, portanto, também em uma forma de estimular a permanência destes jovens profissionais na região, evitando a evasão de cérebros e reduzindo o processo de litoralização da população que vem ocorrendo nos últimos anos. Os cursos de mestrado deverão estar em sintonia com os grandes temas da graduação e devem, portanto, estar direcionados para as áreas de conhecimento que caracterizam a instituição.

Curso de Mestrado sugerido para o primeiro ano:

· Educação Aplicada (voltada aos profissionais do magistério da rede pública de educação básica, buscando articular a teoria educacional à prática específica de sala de aula)


Outros cursos de mestrado serão criados a partir das demandas sociais identificadas e da política institucional de pesquisa e extensão.


PESQUISA E EXTENSÃO

A pesquisa e a extensão na UFFS serão institucionalmente organizadas. Serão estimuladas pesquisas e atividades de extensão que estejam em sintonia com o Projeto Pedagógico Institucional e que reforcem os eixos temáticos em torno dos quais estão organizados os cursos de graduação, de especialização e de mestrado – sociedade, saúde, energia, meio ambiente, licenciaturas. Propõe-se a criação de um Centro Interdisciplinar de Educação do Campo -- um centro integrador das pesquisas institucionais e que deverá congregar os esforços dos docentes envolvidos com as várias ciências em torno de questões específicas que digam respeito à vida da comunidade na qual a UFFS se insere. Todos os docentes terão sua carga de trabalho definida tomando como princípio o seu envolvimento em atividades de ensino (graduação e pós-graduação), pesquisa, extensão e administração.

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